segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A gente faz o que quer? Desde quando?



A gente faz o que quer? Desde Quando? 



O canal de TV à cabo Cartoon Network lançou recentemente uma campanha para atrair o público infanto-juvenil cujo slogan era: “A gente faz o que quer”. Nessas propagandas, diversos personagens da programação de desenhos animados apareciam fazendo “coisas que queriam”. Algumas vezes nada muito fora do comum, como tirar meleca do nariz, outras vezes faziam coisas inusitadas, possíveis somente aos desenhos animados, sem acarretar sérios danos para o indivíduo.

E alguém pode perguntar: o que há de errado nisso? A princípio, nada de errado. Não há nada de nocivo ou errado quando a criança que recebe esse tipo de mensagem tem uma educação sólida em casa, embasada em certos valores, onde essa criança aprende a ter limites, e também aprende que existe sempre a consequência para nossas ações.

Cada vez mais vemos nas escolas o comportamento abusivo de jovens e crianças. Essas que não acreditam que são capazes de serem educadas, pois existe uma inversão de valores em muitos lares, que leva essas crianças e jovens a confundir educação com mera punição.

Pais e filhos encontram-se perdidos, sem saber qual é o seu papel dentro da estrutura familiar, e isso se reflete na nossa sociedade atual.

Quando pai e mãe têm de sair para o trabalho e deixar em casa, muitas vezes sozinho, o filho adolescente, ou mesmo criança, muitas vezes para compensar essa ausência permitem que o filho tome atitudes e escolhas prejuciais a si mesmo, a longo prazo; pois essa criança ou jovem não está preparada para ouvir um NÃO sequer dentro de casa. É compreensível, porém mesmo assim não cabível esse tipo de atitude por parte dos pais e familiares. A criança necessita ouvir não, arcar com as consequências de seus atos desde cedo, para que saiba como agir no mundo, que não terá tanta condescendência.
A televisão está servindo como uma babá em muitos lares, o que torna a educação comprometida, uma vez que a televisão pouco se importa com a educação, importando-se apenas em vender um produto, e para isso a propaganda fabrica consumidores desde cedo, buscando atingir cada vez mais as crianças. E para isso, lançam e criam, inventam o que for necessário para garantir o consumo, nem que seja baseado em uma mentira do tipo “a gente faz o que quer”.

Pode parecer apenas um slogan inocente, que na verdade está apresentando a programação de desenhos da rede; porém, esse tipo de resposta: “eu faço o que quero”, “você não é meu pai” ou “eu pago essa escola”, cada vez mais são ouvidas por professores na sala de aula, e certamente que um slogan como esse perpetuam na cabeça dessa criança que ela tem o direito de não respeitar os limite impostos para a vida escolar, uma vez que acredita que pode fazer o que quer.

Não consigo fazer uma previsão de qual será o fim de tudo isso, o que acontecerá a esses jovens quando forem lançados ao mercado de trabalho, à vida adulta, ou o que acontecerá a essas crianças quando forem lançados à vida, onde – na maioria dos casos – chegará o momento em que papai e mamãe não poderão mais protegê-los e encobrí-los de certas atitudes.

Certamente que “a gente NÃO faz sempre o que quer”. Porque fazer o que se quer sempre tem um preço muito alto, e a maioria de nós não tem a disposição ou a menor condição de pagá-lo. Os presídios, os hospitais e os cemitérios estão aí para nos garantir isso.

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